1. Introdução
No processo de decoração de latas de alumínio de duas peças, o sistema de tinta é o centro do desempenho gráfico. Embora o cilindro de blanquetas transfira a imagem ao corpo da lata e o cilindro de chapa contenha o design, é o tinteiro —um conjunto de rolos perfeitamente ajustados— que garante que a impressão seja realizada de maneira:
- Uniforme em cor
- Com boa nitidez de detalhe
- A velocidades que superam 2.000 latas por minuto
Uma mínima alteração na entrega de tinta —seja excesso ou falta, variação de temperatura ou de pressão— se traduz imediatamente em defeitos como:
- Variação de tons
- Deformação de pontos (ganho de ponto)
- Faixas visíveis
- Contornos sujos ou sem definição
Por isso, o tinteiro é simultaneamente um órgão mecânico de precisão e um mecanismo de controle gráfico.
O treinamento deixa clara uma filosofia chave:
Pressão mínima, máxima definição.
2. Como a tinta se move no sistema
O percurso da tinta começa na fonte, chega ao rolo da fonte e entra em uma cadeia de rolos rigorosamente sincronizados que a conduzem até as áreas em relevo da chapa fotopolimérica. A blanqueta recolherá essa imagem para imprimi-la sobre a lata.
Sequência técnica do percurso de tinta:
Fonte → Rolo da fonte → Rolo de transferência → Rolo de aço → Rolos distribuidores → Rolos oscilantes → Rolos principais → Cilindro de chapa → Blanqueta → Lata
Cada rolo tem uma função específica dentro da qualidade do processo.
Se um falha, o erro se multiplica rio abaixo.
3. A Fonte de Tinta — Primeiro elemento de qualidade
A fonte contém a tinta e a dosifica mediante uma lâmina ajustável. Dispõe de nove pontos de ajuste ao longo de seu comprimento para regular exatamente a quantidade de tinta transferida ao rolo.
- Girar o parafuso no sentido anti-horário → aumenta a tinta
- Girar no sentido horário → reduz a tinta
Também se pode ajustar a inclinação para evitar que a tinta se oxide ou seque quando se trabalha com volumes pequenos.
Se o controle da fonte falha, todo o sistema o amplificará:
Tinta demais → excesso de pressão → calor → ganho de ponto
Pouca tinta → cores lavadas → baixa densidade
Nada se corrige mais adiante:
Se a tinta sai mal da fonte, chega mal à lata.
4. Os rolos: a engenharia por trás da impressão
Rolo de transferência
Além de transportar a tinta, recebe movimento excêntrico de uma came, garantindo:
- Rotação estável
- Transferência controlada de tinta
- Compensação de desgaste mesmo com paradas curtas
Se esta oscilação se deteriora → aparecem faixas verticais.
Rolos distribuidores e oscilantes
A tinta não é apenas uma película: deve estar uniforme na largura do rolo.
Os oscilantes se movem lateralmente para evitar:
- Zonas secas
- Variação de tom entre laterais
- Faixas em sólidos
- Falta de nitidez
Rolos principais
São dois com diâmetros diferentes:
| Rolo | Função principal |
| Rolo principal esquerdo (F1) | Trabalho com detalhes e altas luzes |
| Rolo principal direito (F2) | Trabalho em sólidos e áreas amplas |
Ambos tocam:
- Rolos oscilantes
- Cilindro de chapa
Seu ajuste determina a qualidade final da imagem.
5. Pressão de contato — Onde se decide a qualidade
O ajuste de pressões é crítico.
O objetivo: contato sem deformação.
| Excesso de pressão | Falta de pressão |
| Deformação do ponto | Falta de tinta |
| Bordas sujas | Tom fraco em detalhes |
| Aquecimento | Lavagem de altas luzes |
| Desgaste excessivo | Variação de tom |
A verificação é feita observando a tinta nos rolos durante a partida.
As marcas de contato sempre revelam o problema real.
O rolo nunca mente.
6. Refrigeração — Estabilidade invisível
O desempenho da tinta e o estado dos rolos dependem totalmente da temperatura. Por isso, os rolos de aço e a caixa de engrenagens são abastecidos por água refrigerada a uma temperatura entre 22 °C e 25 °C.
Se a temperatura supera esta faixa:
- A tinta muda de viscosidade → cor instável
- Os rolos de poliuretano podem inchar
- Aumenta a fricção e o ruído
- Degrada-se a estabilidade do processo
Uma configuração nova garante chegar com a mesma temperatura a todos os rolos.
Assim se evitam “pontos quentes” que só afetam uma zona de impressão.
7. Limpeza segura e eficiente
Durante as mudanças de cor, a limpeza é realizada com o sistema coletor de tinta:
- Instala-se o coletor
- Aplica-se álcool na fonte
- A tinta residual flui para o coletor
- Remove-se e descarta-se de maneira segura
Isto evita:
- Contato das mãos com mecanismos em movimento
- Contaminação por fibras ou resíduos
- Excesso de latas de rejeição durante a transição
Menos sujeira = mais segurança = mais disponibilidade.
8. Solução de problemas mediante a leitura da impressão
A impressão é um diagnóstico em tempo real.
Cada defeito visível é a consequência direta de um desajuste mecânico ou de pressão.
| Defeito visível | Causa raiz | Ação recomendada |
| Tons lavados | Falta de tinta / baixa pressão | Aumentar aporte na fonte / revisar contatos |
| Bordas sujas ou halos | Excesso de tinta e pressão | Reduzir pressões progressivamente |
| Um lado mais escuro | Falta de paralelismo | Reajustar rolos críticos |
| Perda de detalhe fino | Ganho de ponto | Reduzir pressão sobre a chapa |
| Variação de cor no tempo | Problemas de refrigeração | Revisar fluxo de água / temperatura |
Não há defeito que não tenha explicação mecânica.
9. Precisão em alta velocidade
Este processo é uma combinação de impressão em relevo e offset seco, o que permite imprimir sobre superfície metálica sem solução de fonte.
Vantagem:
- Não há interferência água-tinta
Desafio:
- Reproduzir detalhes muito finos é mais complexo devido ao ganho de ponto
E tudo ocorre a velocidades extremas:
A mais de 2.000 embalagens por minuto, qualquer pequeno erro se converte em um grande defeito.
Se a pressão se desvia → muda o tom
Se a temperatura muda → perde-se a nitidez
Se um rolo deixa de oscilar → a faixa aparece em segundos
Em latas, a velocidade não perdoa.
10. Conclusão
O sistema de tinta é o motor da qualidade em uma decoradora de latas.
Se a fonte dosifica bem → a cor é estável
Se os rolos estão alinhados → os tons se reproduzem corretamente
Se a temperatura é controlada → a definição se mantém
Se a limpeza é eficiente → o reinício não deixa marcas
Tudo trabalha para um só objetivo:
Depositar unicamente a tinta necessária, unicamente nas áreas em relevo da chapa,
justo no momento em que a lata contata com a blanqueta.
O tinteiro não perdoa erros.
Mas sempre dá sinais claros do que está errado.
Quem aprende a interpretá-los, se torna um verdadeiro impressor.















