CONTROL | Materiais

Información Técnica

CROMAGEM EM CONSERVAS DE LEGUMES

SÍNTESE

Os testes realizados no laboratório são descritos, com produtos enlatados de diferentes conservas de legumes, realizados utilizando recipientes com tampas e fundos TFS, para ver como eles se comportam com este material. Conclui-se que este produto é perfeitamente adequado para esta função.

INTRODUÇÃO

A chapa cromada, um produto conhecido internacionalmente como T.F.S. (Tin Free Steel) e E.C.C.S. (Electro Chromium Coated Stell) começou a ser fabricado em 1961 no Japão como uma alternativa à folha-de-flandres convencional. O seu consumo no último quarto de século tem vindo a aumentar progressivamente, representando actualmente cerca de um terço do total de aço consumido no campo das embalagens.

O produto é constituído por uma base de aço, idêntica à utilizada na fabricação da folha-de-flandres, com um revestimento misto composto por:

– Uma camada de cromo metálico, aplicada directamente sobre a base de aço de 50 a 90 mgr/m2.

– Uma camada de óxidos de cromo, por cima da anterior, de 7 a 15 mgr/m2.ver figura nº 1.

Figura nº 1: Estrutura da placa cromada

Uma película de óleo semelhante à de folha-de-flandres é depositada sobre os revestimentos acima para evitar danos ao manusear o produto.

A cor da placa cromada é azul-cinza metálica, com ligeiras variações cromáticas em função do depósito de óxidos de crómio. Esta aparência pode ser variada escolhendo o verniz apropriado para obter a aparência final desejada. A TFS tem uma excelente aderência ao verniz, o que a torna um material ideal para recipientes de repuxo e repuxo profundo e para peças estampadas.

A folha cromada tem uma resistência à corrosão comparável à folha-de-flandres com um revestimento de 2,8 g/m2. Devido ao comportamento electroquímico do crómio, este actua sempre promovendo a dissolução do ferro, pelo que é necessário utilizar o TFS revestido em ambos os lados.

Este material é declarado inofensivo pela F.D.A. (Food and Drug Administration) e agências similares em outros países. (Food and Drug Administration) e agências similares em outros países.

ANÁLISE

Este artigo resume:

– Os estudos realizados sobre o desempenho de recipientes de três peças (tampas e fundos em chapa cromada e corpo em folha-de-flandres) em diferentes tipos de vegetais enlatados e sua comparação com recipientes de folha-de-flandres convencionais.

– Verificação do grau de protecção oferecido pelos diferentes tipos de vernizes, aplicados sobre linhas industriais, sobre as mesmas conservas.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho de laboratório foi realizado com o seguinte material:

Embalagem: Lata no formato ½ Kgr. Ro 73 x 110. Corpos estanhados em folha-de-flandres 11.6/5.8. T.S.F. tops e bottomtoms.

Vernizes:

Para as partes superiores e inferiores, foram utilizadas 8 opções diferentes de verniz:

Um Epoxifenólico Dourado um passe.

B Ouro epoxifenólico dois passes.

-C Ouro epoxifenólico + Óxido de Zn

-D Organosol ouro um passe

-E Organosol ouro dois passes

-F Organosol + Óxido de Zn

-G Organosol branco

-H Porcelana branca P

Foi utilizado verniz epoxifenólico nos corpos, excepto nos recipientes H, onde foi utilizada porcelana.

Comida enlatada:

As conservas dos seguintes legumes foram produzidas diretamente na planta industrial, sem modificar o processo de produção padrão:

– Espargos (poder sulfurante e desengordurante)

– Espinafres (poder de matança do zumbido)

– Leeks (poder sulfurante)

– Tomate pelado inteiro (poder de descasque ácido)

Mais de 500 recipientes de cada produto foram enchidos com os diferentes tipos de verniz. Foram utilizadas amostras de controlo na quantidade de 1/3 do total com tampas/bottoms de folha-de-flandres convencionais.

Cada tipo de produto enlatado foi dividido em dois lotes:

1.- Armazenagem a 55º C durante 1, 2 e 3 meses.

2.- Armazenamento à temperatura ambiente durante 12 e 24 meses.

Procedemos à abertura de vagas nos horários previstos, verificando em cada caso:

– pH

– Porosidade

– Presença de metais: Ferro, estanho e crómio.

RESULTADOS

Os resultados encontrados para as quatro conservas de legumes em estudo mostraram que os valores de pH encontrados eram normais para cada produto quando mantido à temperatura ambiente.

O sistema de armazenamento a 55º C implica uma diminuição progressiva do pH ao longo do tempo. Isto porque a alta temperatura favorece a dissociação dos ácidos orgânicos. Nenhuma das latas analisadas a partir dos recipientes envernizados apresentou níveis significativos de crómio.

O cromo hexavalente presente na folha cromada é mínimo, e o alimento não estava em contato direto com o cromo ou óxidos de cromo, pois sempre foram utilizados recipientes envernizados. No entanto, deve-se notar que se parte do crómio hexavalente tivesse passado para o alimento, este teria tido capacidade redutora suficiente para o transformar no estado trivalente não tóxico.

Foram estabelecidos dois anos como o tempo de armazenamento à temperatura ambiente, pois este é o período de tempo após o qual as diferenças de comportamento dos diferentes recipientes, caso existam, podem ser detectadas. Para todos os produtos que foram incluídos neste estudo, observou-se que o teor de ferro foi o parâmetro que melhor diferenciou o comportamento dos diferentes revestimentos de folha-de-flandres e TFS. A porosidade média, em cima e em baixo, revelou que a influência do tipo de verniz é maior do que a do material ou da interacção material/verniz. Em todos os produtos, o verniz que mostrou o pior desempenho em relação à porosidade foi o ouro epoxifenólico em uma fase.

A.- Conservas de espargos

A tabela 1 mostra que os vernizes com óxido de zinco (epoxifenol e organosol) apresentam o melhor comportamento em relação ao teor de ferro, que é o elemento que apresenta a maior variabilidade em todas as conservas. Não foram detectadas diferenças significativas entre estes revestimentos com materiais TFS e folha-de-flandres. No entanto, o desempenho dos recipientes de folha-de-flandres foi um pouco melhor que o dos cromados em praticamente todos os vernizes utilizados naquele estudo, embora as suas diferenças tenham tendido a diminuir com o passar do tempo.

Tabela 1: pH e conteúdo metálico (p.p.m.) em conservas de espargos

Deve-se notar que quando foram utilizados vernizes de óxido de zinco, a quantidade de ferro libertado no ambiente diminuiu consideravelmente. Isto foi produzido pela reacção química dos compostos de enxofre dos espargos com o óxido de zinco, formando sulfureto de zinco e impedindo a libertação de ferro nas zonas porosas. O teor de ferro após três meses de armazenamento a 55°C era mais baixo do que após dois anos à temperatura ambiente. Veja a tabela 1.

Quanto ao estanho, os níveis máximos encontrados foram baixos e, portanto, não levaram à diferenciação entre vernizes e materiais.

Na inspeção visual direta, uma vez que os recipientes foram abertos, o aspecto das tampas e fundos da folha-de-flandres foi melhor do que o da TFS. Corroborando esta avaliação, verificou-se que os valores mais baixos de porosidade foram encontrados ao utilizar o verniz de porcelana em folha-de-flandres, mas também com o verniz de ouro organosol com óxido de zinco.

B.- Espinafres enlatados

Nos recipientes de folha-de-flandres, o teor de ferro era inferior ao dos recipientes cromados, após 2 anos de armazenamento à temperatura ambiente. Veja a tabela 2. No caso da folha-de-flandres, os recipientes com verniz epoxifenólico de uma passagem deram os maiores valores de ferro. Por outro lado, com o TFS, todos os vernizes apresentaram um comportamento muito semelhante, embora os aplicados em duas passagens oferecessem maior protecção. Os níveis de ferro encontrados após 3 meses a 55°C foram ligeiramente inferiores aos encontrados após 2 anos à temperatura ambiente.

Tabela 2: pH e conteúdo de metal (p.p.m) em conservas de espinafre

O verniz de porcelana utilizado foi o que teve melhor resposta em termos de libertação de estanho para os dois materiais. Foi também este verniz que deu os melhores valores de porosidade

Em termos de aparência visual, as partes superiores e inferiores da folha-de-flandres tinham melhor aspecto do que as cromadas.

C.- Alhos-porós enlatados

O teor de ferro na placa cromada era mais alto do que na folha-de-flandres. Como o alho francês é um produto sulfurante, os vernizes que tiveram melhor desempenho foram os de óxido de zinco na sua composição. O teor de ferro em conservas de alho francês enlatado mantidas durante 3 meses a 55ºC é inferior às conservas mantidas durante 2 anos. Ver tabela 3.

Tabela 3: pH e conteúdo de metal (p.p.m.) em alhos-porós enlatados

Os níveis de estanho detectados nestas conservas foram praticamente insignificantes em todos os vernizes e em ambos os materiais. Ambos os materiais também têm uma aparência semelhante quando inspecionados visualmente. Os níveis mais baixos de porosidade foram encontrados com organosol gold 2 pass e organosol gold com óxido de zinco.

D.- Conservas de tomate

a.- Embalagem envernizada: Seu teor de ferro é muito pequeno e corresponde aos níveis de ferro fornecidos pelo produto vegetal. Ao longo do tempo, não se observou qualquer evolução deste metal no produto, pelo que o tomate não mostrou agressividade para com os recipientes. Este comportamento foi semelhante tanto para recipientes TFS como para recipientes de folha-de-flandres com tampas e fundos. Ver tabela nº 4.

Quadro 4: pH e conteúdo de metal (p.p.m.) em tomate enlatado em embalagens de corpo envernizado

A dissolução ligeira da lata ocorreu com o passar do tempo, nunca ultrapassando 50 p.p.m. após dois anos à temperatura ambiente.

A aparência das partes superior e inferior é muito semelhante em ambos os materiais, embora pareça ligeiramente melhor nos de folha-de-flandres.

b.- Embalagem nua: Como no caso anterior, o conteúdo em ferro tanto em folha-de-flandres como em TFS correspondia ao do próprio produto. Ver tabela 5.

Quadro 5: pH e conteúdo de metal (p.p.m.) em tomate enlatado em embalagem de corpo nu

O conteúdo de estanho dissolvido era alto, vindo do corpo do recipiente. Estas quantidades são praticamente as mesmas durante 1 mês a 55ºC que durante 24 meses à temperatura ambiente.

A aparência das tampas é idêntica para ambos os materiais, não foram observados defeitos de corrosão. No fundo, os vernizes epoxifenólicos de 1 e 2 passes em folha cromada, foram avaliados como os de pior comportamento, embora não tenham sido rejeitados por eles.

SUMÁRIO FINAL

1.- Em todos os produtos estudados, o teor de ferro foi o parâmetro que melhor diferenciou o comportamento dos diferentes revestimentos em TFS e folha-de-flandres.

2.- Em todos os alimentos enlatados, foi observada uma concentração ligeiramente maior de ferro nos recipientes TFS do que nos recipientes de folha-de-flandres.

3.- A migração do ferro do recipiente para o produto foi maior nos espargos seguidos pelos alhos-porros, sendo muito leve nos espinafres e insignificante no tomate.

4.- Não foram encontrados níveis significativos de crómio em qualquer alimento enlatado em recipientes envernizados.

No caso dos produtos enlatados com enxofre (espargos e alhos-porós), os vernizes com melhor desempenho foram os de óxido de zinco na sua composição.

6.- Os diferentes vernizes exerceram uma proteção semelhante tanto para o cromo como para a folha-de-flandres em conservas de espinafre e tomate.

7.- Não foi observado nenhum encurvamento químico em nenhum dos recipientes durante o armazenamento à temperatura ambiente e a 55º C.

8.- Como resumo final, os recipientes cromados, devidamente envernizados, podem ser utilizados como uma alternativa válida aos recipientes de folha-de-flandres, cumprindo todos os requisitos técnicos e sanitários.

Voltar ao Can World Control

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *