Entrevistas

Información Técnica

Renato Paquet

Em 2021, o Brasil reciclou 98,7% das suas latas de alumínio para bebidas, o equivalente a cerca de 33 mil milhões de unidades. Para melhorar ainda mais a cadeia de produção de latas de alumínio, a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) e a Associação dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas) decidiram lançar a Recicla Latas.

Esta entidade foi criada para coordenar projectos e medidas para a reciclagem de latas de bebidas de alumínio no Brasil. Mundolatas entrevista o secretário executivo da organização, Renato Paquet.

ML- Em Julho de 2021, Recicla Latas iniciou os seus trabalhos. Que progressos fez a sua organização?

Em 2021, realizámos um curso de formação sobre gestão de resíduos com uma abordagem de economia circular para mais de 100 gestores ambientais de 54 municípios que compõem o estado do Ceará e realizámos duas campanhas nacionais de educação ambiental, alcançando milhões de pessoas em todo o Brasil com o conteúdo de consumo consciente e eliminação adequada de resíduos.

ML- É um ambientalista formado pela UFRJ, embaixador do Capitalismo Consciente no Brasil, CEO da Cleantechs da Associação Brasileira de Startups, e fundador de uma cleantech chamada Polen, que neutraliza o impacto das embalagens através da blockchain para atender a logística reversa, vende material reciclável para o fabrico de embalagens recicladas, e actua na reestruturação de cooperativas. Fale-nos sobre este projecto….

Polen nasceu com esta intenção, a de transformar o que é desperdício numa oportunidade para as empresas de todos os sectores. Com a força que a logística inversa das embalagens em geral tem vindo a ganhar nos últimos anos, a procura dentro deste mercado aumentou muito, o que nos fez entrar em territórios onde as cooperativas não estão tão bem estruturadas como na capital e nas grandes cidades.

ML- Que desafios superámos e devemos implementar para melhorar a reciclagem e promover ainda mais a sustentabilidade?

O maior desafio para o crescimento da taxa de reciclagem no país, que, a propósito, não registou um aumento prático nos últimos 10 anos, reside na expansão da agenda de recolha selectiva a ser levada a cabo pelos municípios.

Para se ter uma ideia, mais de 90% dos materiais pós-consumo reciclados no país provêm hoje em dia de cooperativas de colectores de materiais recicláveis; se a recolha selectiva não crescer, o colector não tem material com que trabalhar e a taxa estagna.

Fizemos grandes progressos nos últimos anos com o Quadro Legal para o Saneamento e o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PLANARES). Ambos têm o potencial de transformar a reciclagem no país. Mais de 40% dos resíduos brasileiros vão para aterros sanitários, que são um desastre e devem ser também uma vergonha para os cidadãos dos municípios que os eliminam de forma tão inadequada.

ML- Poderia falar-nos de alguns dos projectos apoiados pela Recicla Latas nesta área?

Para além dos cursos de formação para administradores públicos acima mencionados, a Recicla Latas desenvolveu o Guia de Boas Práticas para cooperativas e recicladores de pequena e média dimensão. Em 2022, estamos a realizar duas campanhas, uma sobre consumo consciente e outra sobre eliminação adequada, para todo o Brasil e estamos a ter grande alcance e empenho.

ML- Que outras realizações foram feitas no campo da reciclabilidade e que desafios enfrenta o sector nos próximos anos?

As latas de bebidas de alumínio são 100% recicláveis e 98,7% das latas produzidas foram recicladas em 2021. Existem mais de 800.000 colectores de resíduos sólidos que desempenham um papel fundamental num sistema organizado de logística inversa, com 36 centros de recolha em 19 estados, 49 unidades de reciclagem em 8 estados e 26 fábricas em 13 estados brasileiros.

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