1. INTRODUÇÃO

Há mais de 25 anos, para o fabrico de embalagens metálicas, tanto alimentares como industriais,  materiais de aço revestidos com plásticos laminados estão disponíveis no mercado,  como substitutos da folha-de-flandres e E.C.C.S. (geralmente, TFS) envernizados com vernizes tradicionais.

Estes materiais têm sido oferecidos por diferentes empresas siderúrgicas (Nippon Steel desde 1993) como alternativa com maior resistência física, favorecida por espessuras de camada plástica 4-5 vezes superiores às alcançadas pelo sistema tradicional de envernizamento, oferecendo melhor flexibilidade e resistência à maquinagem e fricção sofridas pelos recipientes durante o processo de fabrico e subsequente processamento na indústria alimentar, devido às características físicas que são muito mais eficientes nas operações de maquinagem,  do que os vernizes tradicionais.

Logicamente, se analisarmos a aplicação destes materiais, apercebemo-nos de que se limitam ao fabrico de recipientes e tampas de repuxo profundo, uma vez que não é possível aplicar estes filmes plásticos com as reservas necessárias para a soldadura eléctrica de recipientes soldados ou de três peças.

A estrutura da secção transversal destes materiais seria:

MATERIAIS

Os materiais utilizados para obter estes laminados baseiam-se no mesmo aço utilizado para folha-de-flandres e E.C.C.S., com as mesmas características de espessura, dureza e revestimento, tendo em conta que, em folha-de-flandres, o revestimento de estanho pode ser reduzido ao mínimo que pode ser oferecido pela indústria siderúrgica e que apresenta um bom aspecto comercial, podendo utilizar, sem problemas, valores de revestimento de estanho entre 1 e 2 g/m2.2.

O revestimento pode ser feito por um ou ambos os lados, dependendo das necessidades, com uma película plástica que é geralmente polipropileno (PP), embora outros plásticos como o PET (tereftalato de polietileno) possam ser utilizados, dependendo da utilização subsequente a que se destina a embalagem.

Estas películas são fornecidas por empresas químicas como a DuPont, BASF, LLANXESS e outras.

Estes materiais podem ser aplicados com desenhos litográficos ou cores tradicionais de verniz (incolor, dourado e branco) por meio de um sistema contínuo, no qual o material de aço é desenrolado de uma bobina, e ao mesmo tempo, uma ou duas bobinas de filme plástico são desenroladas para serem fixadas a um ou ambos os lados, Estes podem ser feitos de qualquer dos materiais acima mencionados (litografia, incolor, dourado ou branco) e, juntamente com o aço pré-aquecido, são sujeitos a cilindros que, por pressão e calor, fixam estas películas plásticas ao metal.

Depois é arrefecido e passado para um sistema de inspecção para avaliação (falhas devido a quebra, poros e fricção) e daí para o enrolamento para posterior utilização, ou directamente para o corte em folhas para utilização.

Estes  Os materiais estão livres de BPA, BADGE e outros elementos derivados do bisfenol, uma vez que, devido à sua composição química, não se baseiam no bisfenol-A para a sua formação, e portanto cumprem a legislação actual, uma vez que estes elementos não fazem parte da sua formulação inicial ou componentes, nem deve haver qualquer possibilidade de contaminação nos fornos, uma vez que o sistema de aplicação não segue o procedimento habitual de forno.  Os sistemas de envernizamento são frequentemente contaminados por aplicações anteriores de vernizes à base de epoxifenol.

3. VANTAGENS E DESVANTAGENS.

As vantagens deste material dependem em grande medida da sua utilização e, acima de tudo, da logística da empresa.

Sem dúvida, oferecem uma enorme vantagem ambiental e energética, uma vez que não existem máquinas de envernizar e, por conseguinte, não emitem_CO2 e o consumo de energia é muito inferior ao processo de envernizar, o que constitui uma enorme vantagem nos dias de hoje. Por exemplo, uma linha de revestimento pode consumir uma média de 600 kW/h,  em comparação com os 200 kW/h consumidos por uma linha de aplicação de película, o que representa uma poupança de mais de 60%, o que, aos preços actuais da energia, é extremamente importante.

Por outro lado,  é a logística da empresa. Para as empresas que têm uma grande variedade de produtos e portanto de acabamentos devido a exigências comerciais, a logística da empresa torna-se extremamente complicada, uma vez que teriam de ter material aplicado, não só para os diferentes formatos, mas também com os diferentes acabamentos: ouro incolor, branco incolor, branco dourado, branco dourado, ou então simplificar as ofertas aos clientes, o que poderia ser uma desvantagem comercial.   Muito menos se incluirmos material com desenhos personalizados ….

Actualmente, uma empresa tem o material de aço, e procede ao envernizamento e/ou litografia de acordo com as necessidades do seu mercado, o que, em alguns casos, envolve longos prazos de entrega.

Quando existe uma linha de aplicação de laminação mais económica que o envernizamento, e ocupa menos espaço, este problema é simplificado, uma vez que a película laminada em bobinas ocupa menos espaço que o verniz, é menos perigosa, e permite uma aplicação mais imediata sem perda de tempo na limpeza ou múltiplas passagens.

É verdade que estas linhas não têm a velocidade de aplicação a que estamos habituados com verniz líquido, mas é preciso ter em conta que, por exemplo, para uma tampa fácil de abrir, precisamos de aplicar uma média de três demãos de verniz, o que significa três demãos por verniz, enquanto que com este sistema obtemos o material acabado de ambos os lados numa única operação, com economias consideráveis de tempo e de trabalhadores para o manuseamento e manipulação do material, e espaço para armazenamento intermédio.

Isto permitir-nos-ia resolver o problema logístico acima mencionado, tendo apenas o material de aço e bobinas de filme laminado dos vários tipos acima mencionados, aplicando-o ao aço de acordo com as necessidades.

O preço da película plástica é de aproximadamente 40 % para uma aplicação com o dobro da espessura em comparação, por exemplo, com um verniz numa camada (interior ou exterior), o que também permite uma poupança significativa no preço final do produto, que seria acrescentado à poupança de energia acima mencionada.

4. RESISTÊNCIA QUÍMICA.

Tanto o PET como o PP têm boa resistência química, mas devemos avaliar o que é mais interessante para cada um dos produtos a que se destinam.

REAGENTE	PP	PET
Leite	OK	OK
Óleos vegetais	OK	OK
Vinagre (ácido acético a 5%)	OK	OK
Ac. Citrinos (10%)	OK	OK
Hipoclorito de sódio (lixívia de limpeza 10%)	OK	OK
Ac. Láctica (10 %)	OK	OK
Cloreto de sódio (10%)	OK	OK

5. RESISTÊNCIA FÍSICA

Por ter uma camada mais espessa e flexível, este material tem uma resistência física muito maior, evitando problemas na moldagem de recipientes e tampas e oferecendo uma maior resistência à fricção e danos no manuseamento como poderia ser evidente nos fechos de recipientes:

6. SÍNTESE

Tendo em conta o acima exposto, pode dizer-se que os materiais de aço laminado são uma boa alternativa para o fabrico de recipientes e tampas de estiramento profundo.

Em cada caso, o custo do material oferecido pelas siderurgias terá de ser avaliado em relação ao custo do próprio material,  envernizamento e/ou litografia, especialmente tendo em conta que isto poderia causar um problema de imobilização, devido às várias combinações, bem como avaliar a possibilidade de instalar linhas de aplicação de película plástica, tendo em conta a poupança de energia que isto implica, desde que estejam disponíveis linhas de corte posteriores que nos permitam transformar as bobinas aplicadas em folhas com as dimensões apropriadas.

                                                                                                              JAVIER PEREZ HERNANDEZ

                                                                                                              Licenciatura em Química