A indústria brasileira de alumínio já tem níveis de emissões de carbono significativamente abaixo da média global, mas tem planos de reduzir ainda mais essas emissões aumentando o uso de energia renovável e mais reciclagem, segundo informações da Fastmarkets.
O setor brasileiro também monitorará de perto os volumes de material potencialmente rico em carbono que estão sendo desviados da Europa.
Os participantes do mercado discutiram a descarbonização do setor durante painéis e à margem da conferência anual do alumínio brasileiro em São Paulo, realizada sob o título “9º Congresso Internacional do Alumínio”.
Uma das questões discutidas foi como o Brasil poderia reagir à introdução do Mecanismo de Ajuste de Carbono nas Fronteiras (CBAM) pela UE.
“O CBAM pode mudar a dinâmica do comércio exterior, e precisamos saber como agir, sendo um mercado em desenvolvimento e já com baixas emissões”, disse Janaina Donas, presidente executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), à Fastmarkets na quarta-feira, 10 de abril.
“Precisamos de ações ofensivas e defensivas”, acrescentou,
“desenvolver nosso próprio mercado de carbono com o projeto de lei em tramitação no Congresso, ao mesmo tempo em que protegemos nosso mercado de influxos comerciais de materiais de maior emissão.
A indústria brasileira de alumínio emite cerca de 4,5 a 6,5 toneladas de carbono equivalente por tonelada de metal primário produzido, de acordo com a ABAL. Em comparação com uma média global de 15 a 16 toneladas quando se considera o cálculo “do berço ao portão”, quase 65% menos.
Temores de que os esforços de descarbonização entrem em conflito com a CBAM
O maior temor entre os participantes do setor no Brasil era que os esforços de descarbonização do país não respondessem ao CBAM e a outras barreiras comerciais em todo o mundo, abrindo a possibilidade de importação de material mais barato e “mais sujo” de outras regiões, o que também levaria a um excedente de material local.
“Estudos mostram que a melhor alternativa para o Brasil, além de regular nosso próprio mercado de carbono, é estabelecer um mecanismo de cap-and-trade como uma barreira de fronteira de carbono”, disse Donas.
Donas disse.
Nesse meio tempo, o setor está avançando com novas medidas de redução de emissões. A Hydro Rein, uma subsidiária da produtora de alumínio Hydro Rein, por exemplo, desenvolveu uma usina de energia solar junto com a Equinor e a Scatec. No mês passado, começou a fornecer energia para a refinaria de alumina da Hydro na Alunorte.
A Hydro Rein também está desenvolvendo um projeto híbrido de energia solar e eólica para fornecer energia à sua mina de bauxita de Paragominas e à Alunorte.
A Alunorte substituirá o óleo combustível pesado por gás natural e deixará de usar carvão com a instalação de caldeiras elétricas na refinaria. Isso, juntamente com os projetos de energia renovável, ajudará a reduzir suas emissões de carbono para 0,2 toneladas de CO2 equivalente por tonelada de alumina produzida até o final de 2030, em comparação com as 0,65 toneladas atuais.
“Tem que haver um prêmio de mercado para esse material mais verde”, disse Carlos Eduardo Neves, diretor de operações de bauxita e alumina da Hydro, à Fastmarkets.
Carlos Eduardo Neves, diretor de operações de bauxita e alumina da Hydro, disse à Fastmarkets à margem da conferência brasileira de alumínio.
“Dessa forma, o investimento será reconhecido.”
Mais investimentos em reciclagem
A produtora brasileira de alumínio Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) investiu R$ 115 milhões (US$ 22 milhões) e inaugurou uma nova linha de processamento de sucata em sua divisão Metalex, em São Paulo, no início deste mês. O objetivo agora é aumentar o conteúdo reciclado de seus produtos nos próximos anos, disse Roseli Milagres, gerente de compras e cadeia de suprimentos da empresa, na conferência.
A nova linha pode trabalhar com diferentes ligas de alumínio e limpeza de contaminantes. A empresa também está desenvolvendo seu próprio centro de coleta de sucata.
Com essas operações, o conteúdo reciclado da produção de tarugos da CBA deve aumentar de 60% para 80%. A empresa também espera aumentar sua produção secundária, disse Milagres.
O setor está se movendo na mesma direção que as medidas já anunciadas pelo governo para melhorar a cadeia de reciclagem.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA), a maturidade das empresas do setor metalúrgico fez com que o governo quisesse “elevar o nível” de suas políticas de resíduos sólidos, tornando mais rígida a regulamentação da logística reversa, com regras que obrigam o setor a coletar os resíduos que produz.
Atualmente, 60% de todo o alumínio produzido no Brasil é reciclado, de acordo com Adalberto Maluf, Secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental. Quanto às latas de alumínio, 90% são recicladas no Brasil.
“É provavelmente um dos setores do país que mais recicla”, disse ele,
disse ele.
No entanto, ele acrescentou que menos de 30% dos participantes do setor que contribuem para a reciclagem de metais estão realmente representados em termos financeiros no sistema contábil atual.
“O setor de eletroeletrônicos paga um alto custo pela logística reversa e sofre com a concorrência desleal dos importados, que não pagam nada, e de outros players do setor [que aún no han regulado sus sistemas de reciclado]”.
disse Maluf.
De acordo com Maluf, 300 milhões de rands foram reservados do orçamento nacional em 2023 para um projeto que oferece uma dedução no imposto de renda para pessoas físicas e jurídicas que apoiam projetos de reciclagem aprovados pelo ministério. Isso seguiria a mesma linha que está sendo seguida agora no setor cultural no Brasil, com a chamada Lei Rouanet.
O governo quer acabar com oslixões
O governo também está trabalhando em um pacto nacional para acabar com os lixões, com investimentos em cooperativas e estruturas de reciclagem urbana. A intenção é aumentar a remuneração das cooperativas e dos catadores, levando em conta o serviço ambiental prestado, disse Maluf. O aumento do uso de sucata é uma forma de o setor reduzir custos e ficar menos exposto à volatilidade dos preços em mercados como o London Metal Exchange, por exemplo. De acordo com o presidente da CBA, Luciano Alves, o uso do alumínio secundário garante maior estabilidade das margens por esse motivo.
A avaliação da Fastmarkets do mercado para o alumínio P1020A premium e com baixo IVA entregue na região de São Paulo foi de US$ 220-250 por tonelada em 2 de abril. Esse valor aumentou em US$ 10 por tonelada em relação aos US$ 220-240 por tonelada da quinzena anterior, mas foi um retorno ao nível de 5 de março, quando foi publicado pela primeira vez.
Além dos benefícios de custo, o maior uso de materiais reciclados ajudaria as empresas a reduzir seu impacto ambiental.
Atualmente, a CBA tem um nível de emissões de 2,97 toneladas de CO2e por tonelada de produtos fabricados e espera atingir 1,4 toneladas de CO2e por tonelada produzida em sua unidade Metalex até 2030.
“Outros produtores no mercado têm emissões de 3 a 4 vezes mais altas do que o nosso nível atual”, disse Alves,
disse Alves.
Milagres também destacou a crescente demanda por alumínio em setores-chave para a descarbonização, como veículos comerciais leves, veículos elétricos e híbridos. Esses veículos, segundo ele, usam 40% mais alumínio do que as alternativas de combustão interna.
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