O BRASIL NO TOPO DO MUNDO NA PRODUÇÃO DE ALUMÍNIO PRIMÁRIO

O Brasil posicionou-se como um dos principais produtores mundiais de alumínio primário. Esta produção tornou-se evidente ao longo dos anos, e a indústria continua a crescer. Agora, os fabricantes de alumínio estão a analisar os seus resultados para este ano e a estabelecer novas estimativas.

Apesar dos obstáculos internos e externos, o sector dentro do mercado de investimento gastará cerca de 30 mil milhões de reais brasileiros até 2025. A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) planeia reduzir as suas aquisições para 4%, mais elevado do que os 2,3% inicialmente previstos. Isto contrasta com o aumento sem precedentes registado ao longo de 2021, quando as compras domésticas de alumínio atingiram um valor recorde de 1.583 toneladas.

Janaina Donas, ex-executiva da ABAL, explicou que houve uma diminuição nas encomendas durante o segundo semestre do ano passado, o que acentuou a queda no consumo. Até ao final de 2020, prevê-se que o mercado tenha diminuído em volume para 1.520 toneladas.

O presidente brasileiro falou da importância da reentrada do país no mercado global de alumínio primário com o objectivo de reiniciar o Consórcio de Alumínio do Maranhão, uma instalação que foi suspensa em 2015 e que tem uma capacidade de produção anual estimada em 447.000 toneladas métricas.

Janaina estava optimista quanto ao futuro da produção metalúrgica brasileira, dizendo que poderiam melhorar no ranking mundial de produtores do 12º lugar para entrar no top 9 ou 8, o que lhes permitiria sair da estrutura como um mero importador líquido de metal.

O sector de fabrico de alumínio do Brasil saudou a decisão do governo brasileiro de tributar as importações de produtos laminados de alumínio chineses no final de 2022, na sequência de provas de subsídios chineses às exportações para o Brasil.

Segundo o chefe da ABAL, a adopção de instrumentos de defesa comercial é uma acção legítima, reconhecida pela Organização Mundial do Comércio (OMC), e fundamental para a correcção dos desequilíbrios causados por práticas desleais.

Em 2022, o Instituto Internacional do Alumínio (IAI) publicou um inquérito mostrando que a procura de alumínio primário deverá crescer 40% até ao final de 2030, o que levará a indústria global a produzir mais 33,3 milhões de toneladas de metal por ano.

No aumento total, as quatro principais áreas de consumo (Transporte, Embalagem, Construção e Electricidade) contribuirão até 75%.

As propriedades únicas do metal, juntamente com a sustentabilidade oferecida pelo ciclo de reciclagem, levaram a um interesse crescente por este material. Dos 1,5 mil milhões de toneladas produzidas até à data, estima-se que pelo menos 75% ainda se encontra em circulação. Isto demonstra as possibilidades ilimitadas e a eficácia do processo de reciclagem na manutenção dos níveis existentes.

De acordo com a ABAL, a contribuição para o mercado interno para o período entre 2021 e 2025 totalizará 30 mil milhões de reais. Uma soma de recursos será concedida pela indústria a fim de executar uma variedade de projectos, incluindo: produção de alumínio primário, construção e renovação de fábricas, expansão das reservas de bauxite, produção própria de energia, modernização e implementação de centros de recolha e reciclagem, acordos com o meio académico para empreender iniciativas de investigação e desenvolvimento (I&D).

No início da produção, a Mineração Rio do Norte continuou a trabalhar com actividades mineiras sustentáveis no interior da Amazónia. Isto é demonstrado pela sua extracção de bauxite como o primeiro elo da cadeia de produção.

A empresa está alinhada com normas internacionais tais como as certificações ASI Performance Standard, International Finance Corporation (IFC) e Global Industry Standard for Tailings Management (GISTM), bem como com as práticas de sustentabilidade e ESG.

Guido Germani, CEO da empresa, mencionou que o desafio em que estão a trabalhar se chama Projecto Novas Minas. O seu objectivo é assegurar a produção de 12,5 milhões de toneladas de bauxite durante os próximos vinte anos. Para o conseguir, terão de passar por um processo conhecido como licenciamento.

“O PNM tem investimentos de cerca de 900 milhões de reais e, para nós, representa também a continuidade da promoção do desenvolvimento sustentável da região, mantendo e gerando empregos e projectos de responsabilidade social empresarial, incluindo iniciativas educacionais que já transformaram a vida de milhares de pessoas”, afirmou.

Em 2021, foram investidos mais de 23 milhões de reais em acções socioeconómicas e ambientais na região. O PNM prevê também a geração de impostos e divisas para os municípios de Oriximiná, Terra Santa e Faro, bem como para o Estado do Pará.

Em 2019, a Albras, produtora de alumínio da empresa-mãe Hydro e Nippon Amazon Aluminium (NAAC), teve um ano satisfatório graças aos quase R$530 milhões injectados para modernizar as suas infra-estruturas e consolidar as suas estratégias de produção com menor impacto ambiental.

A empresa está a investir, por exemplo, na produção estratégica de energia renovável através da participação em centrais solares e contratos de energia para centrais hidroeléctricas no Brasil.

Durante o ano 2021, a produção da Albras de liga de silício chamada PFA registou um grande aumento nos últimos dois anos. Esta liga é utilizada na indústria automóvel para o fabrico de pneus e de vários componentes de veículos.

“O que podemos avaliar é que o mercado de alumínio primário era muito volátil em 2022 por uma série de razões, tais como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, e o consequente impacto da redução das exportações de gás russo, gerando uma crise energética na União Europeia. As expectativas de crescimento pós-Covida no Ocidente e a política persistente de confinamento em território chinês também acrescentaram doses adicionais de incerteza sobre o crescimento real da economia, que por sua vez tiveram impacto na dinâmica das transacções de consumo e substituição de inventários”, disse João Batista Menezes, presidente da Albras.

Segundo ele, é ainda demasiado cedo para uma previsão do sector do alumínio primário para 2023: a inflação nos EUA é inferior ao esperado e isto move o mercado, porque o país é um grande consumidor. A Europa, por outro lado, tem uma grande quota de mercado e tem sido negativamente afectada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

“O que podemos dizer é que o Brasil é bem fornecido com alumínio. Em termos de investimentos, ao longo de 2022 tivemos e ainda temos pela frente vários projectos que serão fundamentais para manter a Albras actualizada em relação às melhores tecnologias do mercado, bem como projectos que abordem definitivamente a estabilidade dos nossos processos tornando a empresa mais produtiva e competitiva”, observou.

A Novelis tem experimentado que a produção dos seus produtos feitos de laminados de alumínio foi reduzida devido a mudanças que ocorrem tanto a nível local como global.

“O segmento das latas de bebidas tem vindo a crescer a um ritmo acelerado no Brasil nos últimos anos, devido à diversidade de produtos, ao aumento da eficiência das embalagens e à responsabilidade ambiental. No entanto, 2022 foi um grande desafio e a retoma do sector dos bares e restaurantes levou a uma queda na quota de latas de alumínio na mistura de embalagens para o segmento da cerveja”, explicou Solange Akiama, a gerente sénior de Excelência Comercial e Marketing da empresa.

Apesar disso, a empresa continua a investir. Em menos de cinco anos, foram canalizados R$1,2 mil milhões para expandir a capacidade de produção e reciclagem da empresa. No ano passado, a Novelis aprovou um novo pacote de R$ 450 milhões para aumentar ainda mais a capacidade de produção até 2024 na fábrica de Pindamonhangaba (SP), considerada o maior complexo de laminagem e reciclagem de alumínio. Além disso, a empresa pretende gastar mais de 4 mil milhões de reais na construção de uma nova fábrica ao lado da actual.

“Estamos também a investir na instalação de um Centro de Soluções para Clientes (CSC), um centro de inovação centrado no desenvolvimento de soluções mais sustentáveis para os nossos clientes de latas de bebidas que irá abrir na primeira metade de 2023”, acrescentou ele.

Espera-se que o sector do alumínio tenha um melhor desempenho para o sector da electricidade se tudo funcionar como planeado. No entanto, a procura dos outros sectores específicos dependerá em grande parte do desenvolvimento económico do país. Esta avaliação é realizada por um perito profissional na matéria.

Michelle Ávila, que dirige o comércio e a logística internacional na AMG Brasil, explicou que o ano passado já tinha sido um grande feito para o sector e que 2021 seria um ano ainda melhor com o aumento das exportações e um mercado brasileiro muito entusiasmado.

“Isto fez com que a procura do mercado de ligas de alumínio e ligas especiais caísse de volta aos níveis de produção há três a cinco anos. No entanto, esta realidade é cíclica e as perspectivas para 2023 são muito difíceis e estão a melhorar na economia global”, acrescentou Michelle.

Foi precisamente a AMG Brasil que decidiu dar um passo em frente apesar da situação do coronavírus, para melhorar as suas capacidades e alcançar novos mercados. Isto incluiu a renovação e modernização de todo o equipamento utilizando a tecnologia do paradigma 4.0.

A empresa procura posicionar-se melhor durante os próximos cinco anos com uma série de investimentos. Devem ter em conta componentes como a segurança, eficiência, fiabilidade e melhoria da qualidade, a fim de poderem adaptar-se às exigências do mercado.