EMBALAGENS METÁLICAS E ESPANHA | VARIOSO

Información Técnica

Início da produção de conservas de cerveja na Espanha

Como considero de interesse e em resposta à sugestão de diferentes técnicos de empresas de conservas de cerveja, aqui estão algumas notas sobre como começou a produção de conservas de cerveja em Espanha.

Como membro da Direcção Técnica da Cidesa (hoje Crown Cork) sob a direcção de Tomas Somohano Gómez e de Assistência Técnica José Macho Quevedo, vivi de muito perto todo o processo de arranque, tanto da primeira embalagem como, posteriormente, do “arranque” da produção das diferentes empresas espanholas de conserva de cerveja.

Em 1967, Tomas Somohano, influenciado pela sua experiência de trabalho no México, estava convencido de que tinha chegado o momento de introduzir na Espanha a lata de cerveja que tinha sido um grande sucesso na América. Assim, convenceu o Conselho de Administração da CIDESA a tentar entrar no mercado em questão.

Em Março de 1969 a CIDESA, com sede em Valência, comprou um grupo de enchimento de latas de cerveja, constituído por uma enchedora Meyer de 8 válvulas e uma costureira FMC 178 de cabeça única com uma capacidade teórica de produção de 60 cpm. Este “grupo” foi encarregado de realizar testes de enlatamento de cerveja, numa tentativa de convencer as empresas da indústria a realizar pesquisas de mercado com cerveja em lata.

No início deste projeto, a idéia era fechar a lata com tampas superiores e inferiores planas e introduzir um abridor de latas de pregos no mercado para piercing de tampa. As empresas cervejeiras reagiram negativamente a este sistema de abertura, pelo que foi introduzida a tampa de abertura fácil “Ring-Pull”, o que facilitou “um pouco” a aceitação da embalagem metálica de cerveja. Digo “um pouco” porque, em geral, as empresas cervejeiras estavam inicialmente relutantes em usar embalagens metálicas.

Cidesa aposta nos campos de futebol para iniciar as primeiras vendas de cerveja em lata. E foi El Águila a empresa que aceitou realizar o primeiro teste de mercado no campo de futebol de Manzanares – hoje Vicente Calderón – propriedade do Atlético de Madrid.

Na manhã de 11 de Maio de 1969, as primeiras 10.000 garrafas de cerveja de metal foram enchidas na fábrica de El Águila na rua Vara de Rey (Madrid) com o “grupo” de enchimento indicado. Estas garrafas foram postas à venda no dia seguinte, no campo de futebol acima mencionado, onde se jogava uma partida da Taça da Feira contra uma equipa holandesa.

Os contentores foram empilhados para venda, um em cima do outro ao lado das escadas de acesso ao estádio. Eu pessoalmente fiquei ao lado dos contentores durante algum tempo, à espera de ouvir a resposta do público. O público ficou surpreendido com a nova embalagem da cerveja, mas consumiu todas elas.

Esse foi o primeiro teste de mercado que convenceu El Águila a começar a envasar sua cerveja Imperial com o grupo de envasamento indicado, de propriedade da CIDESA.

Por essa altura, num jogo da Taça Europeia realizado no Santiago Bernabéu, um espectador bateu com uma garrafa no árbitro encarregue do jogo. O Ministério do Interior (agora Ministério do Interior) considerou seriamente a supressão da venda de cerveja em latas e garrafas de vidro nos estádios de futebol.

Após numerosas reuniões entre o Ministério do Interior, El Águila e Cidesa, foi aceite a venda de latas de cerveja nos campos de futebol. Um engenheiro da Cidesa realizou um estudo matemático no qual demonstrou que uma lata vazia não poderia fazer nenhum mal aos jogadores, árbitros ou espectadores. Era óbvio que a lata cheia não as podia produzir porque, quando fosse entregue aberta, derramaria durante a trajectória.

Em 20 de julho de 1969, data do desembarque do homem na lua, começou a produção industrial de conservas de cerveja na referida fábrica em El Águila. Os recipientes foram feitos de 3 peças de solda lata/chumbo com capacidade de 35 cl. e fechados com fundo de folha-de-flandres (a tampa de alumínio, devido à sua maior complexidade, foi fechada pela Compañía Internacional de Envases) e a litografia correspondia a “Águila Imperial”.

Durante vários meses, todas as sextas-feiras à noite viajei de comboio-cama de Valência para Madrid para ajudar os técnicos de El Águila (chefiado por Antonio Bellido) no sábado de manhã a encher as garrafas de cerveja que iam ser vendidas no estádio de futebol Atlético de Madrid, bem como noutros centros comerciais.

Assim, foi no campo de futebol do Atlético de Madrid onde, em 1969, foram vendidas as primeiras “latas” de cerveja em lata na fábrica de engarrafamento que El Águila tinha em C/Vara de Quart em Madrid. A velocidade máxima de enchimento, que atingimos, foi de 56 cpm.

Em 15 de março de 1971 El Águila substituiu o primeiro grupo de enchimento-fechamento formado pelas válvulas IMC 178 e Meyer 8 já indicadas, por uma Ferrum 308 mais próxima e uma Noll 40 v de enchimento com capacidade de 350 cpm. O grupo IMC +MEYER foi “recomprado” pela CIDESA para iniciar testes em diferentes fábricas de engarrafamento de refrigerantes, a fim de iniciar um processo semelhante ao realizado com a cerveja.

Luis Sancho Blesa*.

NOTA: Houve uma tentativa de começar a envasar cerveja na Espanha em janeiro de 1969 na fábrica que a empresa Skol tinha em Breda (Gerona). As poucas latas cheias eram de 50 cl. 3 peças de lata/lead soldando litografia CERVEZA ORO e foram fabricadas em uma das fábricas Metal Box na Inglaterra. Esta empresa foi sócia da Cidesa e fez estas latas em nome da Cidesa.

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